Por
Rubens Saraceni
Todo
sacerdote precisa receber uma preparação muito boa para que possa exercer com
sabedoria todas as múltiplas funções que este cargo religioso exige.
É certo que toda as religiões, em
seus inícios, não tenham toda uma teologia á disposição daqueles que aderem a
elas e assumem posições de destaque, comando ou liderança sacerdotal.
Com a religião Umbandista não
seria diferente, pois além de nova, ainda está na sua fase de implantação. fase
esta que ainda é experimental mas que permitirá que uma linha de pensamento se
delineie naturalmente e torne-se predominantemente em sua doutrina religiosa.
Mas esse experimentalismo não
desobriga o sacerdote umbandista de uma boa formação, com a qual poderá exercer
suas funções e discutir sua religião com sabedoria e com conhecimentos
fundamentais acerca do seu universo religioso.
Nós sabemos que a Umbanda é uma
religião espírita na qual a voz de comendo e a última palavra é dada pelos mentores
espirituais e pelos guias-chefes dos médiuns. Fato este que tem sido de grande
valia para a manutenção dos seus templos e para que as sessões ocorram de forma
ordenada.
Mas, e por isto mesmo, é
imperioso que todo sacerdote Umbandista desenvolva uma consciência voltada para
aprendizado permanente. Fato este que beneficiará a religião como um todo, pois
permitirá um aprimoramento ritualístico e uma renovação dos conceitos
subtraídos de fontes religiosas não Umbandistas, mas incorporadas para suprir
as lacunas conceituais, filosóficas e teológicas ainda existentes. Com algumas
até gritantes porque o descaso com a formação teológica dos seus sacerdotes tem
vulnerabilizado até práticas comezinhas, tais como: batismo, ma trimônio e
funerais, durante os quais uma boa parte dos Umbandistas ainda recorrem a
sacerdotes de outras religiões.
Nós sabemos que toda religião, em
seu início, ainda é difusa e padece de ritos unânimes entre seus adeptos. Fato
este que faz com que em certos casos ou situações seus seguidores recorram aos
sacerdotes de suas antigas religiões ou com alguma outra a qual tenha
identificação e tenha parentes ou amigos dentro dela.
Por isso é imperioso que envidemos todos os
esforços necessários para, num curto tempo, suprirmos as lacunas ainda existentes
dentro da nossa religião.
Conceitos filosóficos, teológicos e doutrinários
mais profundos, só surgirão com o amadurecimento da própria religião. Mas isto
não significa que devemos ficar de braços cruzados e a espera de que alguém
venha com tudo pronto porque isto não acontecerá.
Sim. Só quando todos os Umbandistas desenvolverem
uma consciência religiosa verdadeiramente de Umbanda e totalmente calcada em
conceitos próprios é que um pensamento filosófico, teológico e doutrinário
muito bem delineado surgirá e se imporá em todas as correntes mediúnicas que
formam essa maravilhosa religião espírita fundamentada na existência de um Deus
único e na sua manifestação através de suas divindades (os Sagrados Orixás ou
Tronos de Deus).
Devemos incorporar conceitos cujos valores sejam
universais e estejam presentes na vida e no dia a dia dos Umbandistas. Assim
como, devemos refutar conceitos parcialistas ou dogmáticos que tolham o
aperfeiçoamento de nossas práticas e sobrecarreguem a vida e o dia a dia dos
Umbandistas, afastando-os dos templos ou impedindo-os de manifestarem
livremente suas religiosidades e suas preferências conceituais.
Saibam
que os conceitos universais sempre foram incorporados pelas religiões
nascentes, que recorrem a ele até que elas mesmas desenvolvam seus conceitos
religiosos universalizadores de suas doutrinas, ritos e práticas.