E
se for verdade? Tudo bem que muitas foram as profecias de “fim do
mundo”, desde sempre. Sabemos que no ano 100, depois no ano 500, ano 666
[número da besta], ano 1000, 1666, 2000, agora 2012. Tá certo, o mundo
não acabou como presumia as dezenas de previsões passadas, porém já são
passadas, e agora? E se os Maias, seres tão evoluídos estiverem com a
razão?
Hollywood
fez uma obra prima de efeitos especiais no filme 2012 tratando deste
assunto, claro que de uma forma bem peculiar, do tipo, os EUA poderá
salvar o mundo com quatro “arcas high tech” que só os americanos são
capazes de produzir, claro!
Bem,
este texto não pretende fazer uma crítica cinematográfica e tampouco
falar do calendário maia, entretanto, pretende refletir sobre a idéia do
fim do mundo iminente e a angústia que isso nos gera.
Parece-me
até que existe certo prazer em “ruminar” ou mesmo acreditar que a
qualquer momento ou nas datas profetizadas o fim ocorrerá e
inevitavelmente somos provocados a pensar: – E daí? Não no sentido de
descaso com o fim, mas no sentido de pensar no que fazer, no que pensar.
Um
filósofo contemporâneo, Martin Heidegger através da sua teoria sobre o
“ser no mundo”, aponta a “angústia existencial” como a clareira no ser.
Ou seja, é na angústia, que o ser se ilumina, pois é no momento de
angústia que o indivíduo é levado a pensar em si, refletir sobre sua
condição, sua realidade, sua estrutura. Neste momento que o indivíduo
volta para si e sem máscaras e ilusões pode reconhecer-se no mundo, no
seu meio, reavaliar-se e provavelmente iluminar-se no processo em que se
auto lapida. Este fenômeno numa leitura espiritualista diz que neste
momento em que o ser promove sua evolução.
A
idéia de um possível “fim do mundo” num período em que você esteja vivo
no mundo é profundamente angustiante e necessário para a avaliação da
espécie perante seu mundo, neste caso seu planeta.
É
dolorosamente angustiante imaginar morrer por força maior e desastrosa,
não é tão doloroso imaginar morrer simplesmente, é difícil processar a
idéia de separação daqueles que você ama, filhos, esposa, mãe, pai,
irmãos, amigos, família, pois a idéia de “fim do mundo” projeta uma
mensagem para nosso inconsciente de desintegração, ou seja, de fim de
tudo aquilo que você pensa sobre você.
E como a Umbanda se posiciona acerca disso?
Claro que falar em nome da Umbanda é sempre espinhoso, portanto falo a partir da minha vivência na Umbanda.
Ao
consultar a espiritualidade sobre as profecias de “fim do mundo”, em
síntese o que temos de resposta é que o planeta não se dissolverá assim
tão facilmente, é real os alertas de cuidado com o planeta afim de não
caminharmos para uma extinção da espécie. A espiritualidade ainda
explica que esta necessidade de prever o “fim” de tempos em tempos é um
meio de levar a massa à reflexão sobre si. No entanto, a espiritualidade
orienta que esta preocupação sem precedente não é importante, pois
independente do mundo acabar em 2012 ou em 2070 ou seja lá a data que
for, não podemos perder o foco do real sentido de existir neste momento
presente. Que é a nossa evolução e ascensão e que se isso ocorre todo o
meio evolui conjuntamente.
A
Umbanda ainda nos coloca diante da nossa falibilidade, ou seja, podemos
“morrer” no segundo diante, isso é um fato e no entanto não pensamos
nisso, muito pelo contrário, nos permitimos a mal tratar o corpo físico
com uma série de alimentações tóxicas, vícios diversos, etc. Esquecendo
neste comportamento que você é importante e que somente você responde
sobre si.
Pensar
sobre o fim coletivo parece gerar um sentimento de isenção de si sobre o
todo e também tranqüiliza a consciência, pois já que tudo vai para o
“espaço”, deve ter um bom lugar reservado para eu continuar a
trajetória. E bem sabemos que não é assim que funciona.
A
Umbanda tenta a todo instante livrar os indivíduos dos grilhões das
ilusões. Promovendo uma reflexão crítica sobre si, seus atos,
comportamentos, conceitos, etc, onde o momento presente é impagável e
infinitamente mais importante que o amanhã, já que o futuro será o
resultado do hoje que já é reflexo do ontem. Portanto, como você tem
preparado seu presente?
Na
Umbanda, aprendemos a lidar com a angústia, com as dores da existência,
refletindo sobre nossas ações e procurando fazer o melhor e de alguma
maneira minimizar os erros. Mas isto é para aqueles que reconhecem seu
papel na existência, isto não serve para aqueles que querem acomodar-se
na idéia de que os espíritos podem ou devem fazer algo para si.
Outro
ponto importante é que para nós Umbandistas, a vida é eterna e morrer
nada mais é que mudar sua realidade vibratória para um padrão mais sutil
[espiritual] e o que somos aqui continuaremos sendo no plano astral,
ainda corremos o risco de descobrir que o desencarne é algo muito
simples e rápido como um piscar de olhos.
Enfim, o Apocalipse é agora, renasça para a realidade!
2012
passará e teremos um período de muita luz e energia positiva no
planeta, mas não se entusiasme, já existe outra profecia que diz que de
2016 não passará, pois seremos engolidos por um monstruoso tsunami que
engolirá toda a crosta terrestre e parece que só sobreviverá os bem
aventurados de grande fôlego.
Viva hoje como deseja que seja seu futuro!
Vida longa a todos! Saravá!
Rodrigo Queiroz