Você acredita em Deus?…


Axééé… Antes de continuar falando sobre mediunidade ou talvez ainda falando, quero compartilhar um belíssimo texto de Rubem Alves – psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro - que, espero, faça perceber que ‘o acreditar’ é, mais do que qualquer outra coisa, um verbo com sentimentos onde se confirma a capacidade de apreciar e contemplar agradecidamente.
O texto cita Marqueritte Yourcenar, escritora belga e primeira mulher eleita à Academia Francesa de Letras, em 1980. É um inspiradíssimo poema de gratidão que prova a existência de Deus e o quanto Ele está próximo, bastando apenas o agradecimento para vê-lo, sentí-lo e compreendê-lo. -

Os Trinta e Três Nomes de Deus

Por Rubem Alves
De vez em quando perguntam-me se acredito em Deus. Mas é claro. Acredito mais que a maioria das pessoas. Tenho até trinta e três nomes para ele. Esses nomes foi a Margueritte Yourcenar que me contou. Ela foi uma escritora maravilhosa, autora do livro Memórias de Adriano, quem lê nunca mais esquece, quer ler de novo. Pois esses são os trinta e três nomes de Deus que ela me ensinou. É só falar o nome, ver na imaginação o que o nome diz, para que a alma se encha de uma alegria que só pode ser um pedaço de Deus… Mas é preciso ler bem devagarinho…

1. Mar da manhã.
2. Barulho da fonte nos rochedos sobre as paredes de pedra.
3. Vento do mar de noite, numa ilha…
4. Abelha.
5. Vôo triangular dos cisnes.
6. Cordeirinho recém-nascido….
7. Mugido doce da vaca, mugido selvagem do touro.
8. Mugido paciente do boi.
9. Fogo vermelho no fogão.
10. Capim.
11. Perfume do capim.
12. Passarinho no céu.
13. Terra boa…
14. Garça que esperou toda a noite, meio gelada, e que vai  matar sua fome no nascer do sol.
15. Pai, mãe…
16. Mão que entra em contato com as coisas.
17. A pele, toda a superfície do corpo.
18. O olhar e tudo o que ele olha.
19. As nove portas da percepção.
20. O torso humano.
21. O som de uma viola.
22. Um gole de uma bebida fria ou quente.
23. Pão.
24. As flores que saem da terra na primavera.
25. Sono na cama.
26. Um filho.
27. Cavalo correndo livre.
28. A cadela e os cãezinhos.
29. Sol nascente sobre um lago gelado.
30. O relâmpago silencioso.
31. O trovão que estronda.
32. O silêncio entre dois amigos.
33. A voz que vem do leste, entra pela orelha direita e ensina uma canção.
Não é preciso que sejam os seus. Faça a sua própria lista. Eu incluiria: Ouvir a sonata Apassionata de Beethoven. Sapos coaxando no charco. O canto do sabiá. Banho de cachoeira. A tela “Mulher lendo uma carta”, de Vermeer. O sorriso de uma criança. O sorriso de um velho. Balançar num balanço tocando com o pé as folhas da árvore… Morder uma jabuticaba… Todas essas coisas são os pedaços de Deus que conheço… Sim, acredito muito em Deus”.
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Então… maravilhoso, não é mesmo?!!! É encontrar Deus na capacidade de apreciar, contemplar, agradecer, sentir, se encantar… Aliás, na minha lista de “nomes” ainda acrescentaria a capacidade de se sentir recompensado.
Recompensado por estar vivo; por fazer parte da existência humana e divina; por ser médium, filho e esperança de Deus, Olorum, Orixá, Exu.
Recompensado por ser um trabalhador capaz de cumprir com suas obrigações; por perceber suas funções e ser capaz de cumprí-las, por ter sonhos, missão e visão do ontem, hoje e do amanhã.
Recompensado por ter intermináveis oportunidades; por ter a capacidade de sentir, enxergar, chorar e sorrir; por ainda lutar por um futuro melhor.
Recompensado por ainda ser capaz de se encantar entendendo que SENTIR ENCANTO nada mais é que SE SENTIR RECOMPENSADO por Deus, Olorum, Orixá ou Exu.
Com todo respeito a qualquer outra vertente religiosa, mas PARA MIM, a minha Umbanda é uma fábrica de encantos contínuos, arrepiantes e divinos… Ahhhh, como eu amo tudo isso!!!
E para encerrar, refletir e iniciarmos bem a sexta-feira e o fim de semana, só resta perguntar: e você, você acredita, sente, aprecia, contempla Deus? Onde Ele está? Qual o nome Dele?

Axé
Mãe Mônica Caraccio
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