Umbanda é prática da Caridade. Mas Caridade não é colocar as
pessoas no colo e resolver os problemas delas. Caridade não é apenas consolar,
mas também Esclarecer.
E a Umbanda para isso, coloca inúmeras ferramentas
energéticas, magÃsticas, espirituais e conscienciais a nossa disposição. Nós
umbandistas temos o dever de repassar essas ferramentas, de fazer com que não
apenas os médiuns e integrantes da corrente conheçam as “mirongas de Umbanda”,
mas de forma simples e prática, devemos também repassá-las para que a
assistência para que ela também se beneficie, quebrando sua dependência em
relação aos guias.
Umbanda é Esclarecimento. Pois ela também nos Esclarece em
relação ao mundo espiritual, as leis karmicas, de afinidades, a respeito dos
Orixás e da famÃlia espiritual de cada um e do nosso papel perante todas essas
diversidades.
Tantos são os assuntos que poderiam ser ventilados dentro
dos terreiros para melhor desenvolvimento pessoal de cada um, pena que a
maioria dos umbandistas estão mais preocupados com os fenômenos e com a
manifestação fÃsica, esquecendo de se voltar para a filosofia espiritualista
para sua doutrina que está no âmago e na sustentação da religião de Umbanda.
As pessoas insistem em ficar culpando a espiritualidade por
suas condições pessoais, buscando jogar a culpa nos “Diabos”, mas esquecem que
o verdadeiro “diabo” não é rabudo e nem tem chifres. Não é vermelhinho, nem
anda com tridente algum. No entanto, espeta como ninguém, principalmente quando
usa a auto-culpa das pessoas como meio comum para suas estocadas ocultas.
O verdadeiro diabo não é ostensivo, pelo contrário, é
discreto demais, mas é radical em seus propósitos. Ele age na calada oculta do
ego, sempre estimulando as reações extremadas, mesmo aquelas disfarçadas de
causas justas, ou aquelas revestidas de aparente raciocÃnio crÃtico. Ele gosta
dos corações empedernidos no ódio e das mentes ressequidas de orgulho.
O verdadeiro diabo não criou inferno algum, pois ele já o
encontrou plasmado dentro das pessoas cheias de medo e culpa. E, para sua
própria surpresa, descobriu que o tal inferno não é um lugar, mas um estado de
consciência, mantido pelas próprias pessoas. E ainda mais: descobriu que ali
não é quente, pelo contrário, é um clima sombrio e frio, sem o calor da luz e
sem o viço da alegria.
Pois é, o inferno é um estado de consciência, e o diabo não
é uma entidade maléfica à parte do ser humano, nem mesmo um ser criado por
Deus. Não mesmo!
O verdadeiro diabo se chama IGNORÂNCIA, e as pessoas o
adoram, principalmente os fundamentalistas de qualquer área, seja religiosa,
técnica ou espiritualista, que simplesmente são os seus maiores divulgadores.
Esse é o diabo que precisa ser exorcizado dos homens: a
ignorância em qualquer de suas manifestações.
Cuidado pois a SABEDORIA pode também se tornar ignorante. È
isso mesmo a majestosa sabedoria, que é o acúmulo de conhecimentos vivenciados,
através de uma nova personagem que é a VAIDADE pode se tornar sim ignorante.
O Poder da vaidade é tamanho que quando iniciamos em uma
nova trajetória de conhecimento e chegamos num determinado momento dessa
aprendizagem, começamos a pensar se devemos continuar e desvendar os objetivos
daquele ensinamento ou se não já sabemos o suficiente e devemos parar.
Mas qual é o papel da vaidade senão proteger-nos de uma
sabedoria que, se atingida, nos dará a capacidade para reconhecê-la,
transferindo para nosso consciente o saber de como reconhecer atitudes de pura
vaidade, tanto as nossas e quanto as das outras pessoas.
Não subestime sua vaidade! Na maior parte do tempo
acreditamos que a controlamos ou mesmo que não a possuÃmos. Mas o que é isso
senão a vaidade de não nos vermos como pessoas soberbas.
Quando somos obrigados a abandonar algo, que reconhecemos
como fonte de algum prazer, alegando, por exemplo, que não temos interesse, é a
vaidade novamente salvando-nos, ao satisfazer o inconsciente com a falsa
percepção de que não carecemos desse prazer e, por isso, não continuamos
adiante. Nesse momento, a vaidade troca a batalha da sabedoria que nos
impulsionaria a encontrar formas para atingir aquele prazer, direcionando-nos
diretamente para as glórias da ignorância que nos permite “imaginar saber” como
seria desfrutar daquele prazer.
Mas, ter sabedoria é bem diferente de obter informação,
pois, enquanto a informação se resume em quanto conteúdo que alguém pode
assimilar sobre um determinado assunto, mesmo sendo este conteúdo fruto a
sabedoria do outro; a sabedoria, na realidade, representa o processo psÃquico
que organiza de forma racional qualquer fato, acontecimento, informação ou
pensamento, permitindo que nós mesmos reconheçamos seu conteúdo, e o colocamos
em prática no nosso dia-a-dia.
Por sua vez, a ignorância é bem diferente de
desconhecimento, pois, enquanto o desconhecimento representa apenas tudo àquilo
que ainda não foi vivenciado ou apreciado por nossa razão, incorporando-se ao
nosso inconsciente como conhecimento ou enquanto forma de saber; a ignorância é
a consciência que temos da ausência do conhecimento.
Mas o que a vaidade tem a ver com tudo isso?
A vaidade surge em nossas vidas ainda na infância, quando
passamos a ter a percepção de nós mesmos e com o tempo, enquanto evoluÃmos, ela
evolui também. O problema é que a vaidade pode evoluir mais, ou menos, que nós
mesmos evoluÃmos enquanto seres humanos e de forma “independente”, posto que a
vaidade é fruto de nossa “psique”.
Ficou confuso! Mas, é isso mesmo! A vaidade evoluindo mais
ou menos que nossa personalidade (nós mesmos), sempre influenciará nossas
atitudes e, por ser “independente”, subjuga nossa sabedoria ou desperta nossa
ignorância, evitando, assim, que atinjamos o saber, e passamos a barganhar com
nós mesmos ofertas de um pouco de conhecimento ou algo que nos dê prazer.
Assim, a IGNORÂNCIA é a prisão da SABEDORIA e a VAIDADE sua
fiel sentinela.
Então, esse é o momento de adquirir conhecimentos para
transformar as experiências da vida em sabedoria, para assim vencer a
ignorância e desfrutar de todo prazer que puder obter. Não desista ainda, pois
se você chegou até aqui é porque seu inconsciente (sabedoria) está interessado
em evoluir e, assim, poder tirar suas próprias conclusões com base no
conhecimento (do saber) vencendo a ignorância (do desconhecimento).
Acredito que agora você já esteja conseguindo identificar a
diferença entre possuir uma informação e ter conhecimento.
Quem nunca presenciou debates onde os participantes buscam
primeiro defender seus pontos de vista de modo a sobressair aos do outro! Onde
está o debate em torno do tema?
O que vemos aà é apenas a vaidade de cada um que, escondendo
a ignorância, luta com os mais ardentes argumentos para que suas informações
(desconhecimentos) não sejam vistas como inverdades (ignorância).
Infelizmente, nós criamos o hábito de valorizar, por pura
vaidade, aqueles que, de alguma forma, mesmo que reprováveis, conseguiram
alguma posição ou prestÃgio social, e quando fazemos isso, não nos damos conta
de que nosso próprio esforço, conhecimento, realizações, etc, somente terão o
reconhecimento merecido quando, de alguma forma, estivermos de outro lado, em
igual situação.
Devemos aprender a valorizar o saber, o conhecimento. Um
sábio acaba frustrando nossa vaidade, pois nos obriga a pensar para chegar à s
nossas próprias conclusões, mesmo com o risco de fracassar, ao passo que o
ignorante apenas afirma o que já sabemos, dando-nos a falsa impressão de
possuir tanto saber quanto ele, não nos acrescenta nada, mas acabamos nos
sentindo valorizados. Vaidade, vaidade, vaidade… tudo é vaidade.
Lembre-se: Tem coisas que nenhum passe, nenhuma magia,
nenhum banho ou defumação irá resolver. Mas talvez uma boa conversa, um bom
livro ou apenas uma nova visão em relação à vida ou a situação possa ajudar a
mudar.
A Umbanda está cheia de milagres e encantos, cheia de exemplos
de superação, simplicidade e humildade. Mas esses milagres e encantos, esses
exemplos são simples, acontecem a todo o momento, que acabamos por banalizá-los
e não os percebendo. Faz-se necessário que deixemos nossa vaidade de lado,
acabando com a ignorância, para que assim possamos seguir rumo a evolução
proposta pela UMBANDA.
Então, escute, ouça, sinta… Seja um com Ele! Nisso reside
todo Mistério.
Que Oxalá nos abençoe!!!
Fonte: Toques de Aruanda