UMBANDA E CANDOMBLÉ – DEDICAÇÃO OU SACRIFÍCIO



 Qualquer prática religiosa exige de seu seguidor e principalmente de seu dirigente dedicação no que diz respeito a tempo para conciliar a realização de suas práticas religiosas com seu cotidiano.  Lembrando que o dirigente espiritual ou líder religioso é um pessoa com anseios, desejos e vida social com qualquer outra pessoa. Observando uma pesquisa realizada com terreiros e tendas de Umbanda e demais religiões de matriz africana de Teresina, percebemos que a dedicação ao culto interfere de forma extrema no cotidiano destes praticantes. Tal situação, deve-se ao fato da umbanda ou candomblé ser uma religião que acolhe qualquer ser humano necessitado, independente do motivo, raça, sexo ou credo. 
Os dirigentes espirituais, zeladores, Babalorixás, Yalorixás, sacerdotes, etc., dedicam quase que inteiramente seu tempo aos trabalhos espirituais e ao socorro daqueles que a buscam. Acabam por se privarem de uma vida social considerada normal, como visto em outros seguimentos religiosos, onde seus líderes organizam-se de forma que possam suprir com seus objetivos pessoais, como trabalho laboral e vida acadêmica, visando também um progresso no campo material. A pesquisa apontada no livro “Fiéis da Ancestralidade- Comunidades de Terreiros de Teresina” aponta que quase 50% dos dirigentes de terreiros possuem renda igual ou inferior a um salário mínimo. Aponta ainda que em torno de 25% são analfabetos e menos de 2% dos dirigentes tem curso superior. Vale ainda salientar que a pesquisa aponta como maior problema enfrentado por jovens e mulheres nos terreiros, é o desemprego. A pesquisa citada no referido material, realizada pela Coordenadoria Estadual de Direitos Humanos e da Juventude com base nos anos de 2008 e 2009, nos faz refletir: Porque dentre todas as religiões, as de matriz africana, exprimem um teor de sacrifício para sua prática, impossibilitando o progresso material e organizacional na vida social do dirigente? Será que fonte do problema é cultural? É litúrgico? É pessoal? Ou ainda é falta das tais políticas públicas?  Estas são questões que seriam necessárias pesquisas mais aprofundadas. É importante frisar, meus irmãos, que a missão de um dirigente religioso, é realmente árdua, mas não o priva de seu desenvolvimento social.
Não é porque a umbanda ou candomblé prega a humildade e desapego a materialidade que o povo de terreiro dispensa uma vida material e social digna. Sua missão não inibe de buscar o conhecimento técnico de outras ciências, da vida acadêmica, do trabalho bem remunerado e da buscar por condições melhores de subsistência. Não menos importante, também observar que há Umbandistas e Candomblecistas escritores, doutores, empresários que honram com seus compromissos espirituais. O Deus que nos presenteou com a missão de ajudar o próximo através da humildade, da paciência, da caridade incondicional através de nossos guias, também pode nos presentear com o progresso e evolução no campo material, trazendo um conforto e uma vida melhor, para seu aparelhos e àqueles que deles dependem.

Joacy dos Santos Alves
Secretário Geral da Federação Umbandista do Brasil-FEUBRA
Postagem Anterior Próxima Postagem